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Metade dos brasileiros pensa em trocar de carreira: saiba como realizar transição e qual o momento certo
Metade dos brasileiros pensa em trocar de carreira: saiba como realizar transição e qual o momento certo
Pesquisa ainda aponta que 17% das pessoas tem medo de arriscar a transição
Foto: Agência Brasil
Por Gustavo Silva
Mudar de carreira tem se tornado um desejo comum entre os profissionais brasileiros. De acordo com uma pesquisa da DataCamp, 51% dos brasileiros estão dispostos a realizar uma transição de carreira no futuro. Além disso, 56% acreditam que esse tipo de mudança será cada vez mais frequente para as gerações atuais e futuras. A pesquisa também revelou que, embora muitos enxerguem a transição como algo positivo, nem todos se sentem prontos para dar esse passo: 17% têm medo de arriscar, mesmo vendo a mudança como algo bom, e 16% consideram a ideia válida, mas acham que o momento do mercado de trabalho não é favorável. Apenas 6% dos respondentes não veem essa possibilidade como promissora para si mesmos.
Cerca de 40% dos participantes apontam que a tendência de mudança de carreira está diretamente relacionada à área de atuação de cada profissional. Entre os principais motivos que levam à busca por uma nova trajetória estão a insatisfação com a profissão atual, baixa remuneração e ausência de perspectivas de crescimento.
Para Gustavo Mota, sócio-fundador do Grupo Mola, a mudança de carreira ocorre quando o profissional sente que sua trajetória atual já não atende mais suas necessidades pessoais e profissionais.
— A transição não deve ser motivada apenas por frustrações pontuais, mas por um desejo profundo de evolução e alinhamento com valores pessoais – elucida.
Segundo Mota, é essencial que a mudança seja impulsionada por um desejo genuíno de evolução, não apenas uma reação a desafios temporários no trabalho. Ele acrescenta que a busca por equilíbrio e realização pessoal deve ser priorizada, uma vez que as novas gerações de profissionais buscam mais do que apenas estabilidade financeira, mas também propósito e alinhamento com seus valores.
Alinne Kalliane de Sousa Ovelar, supervisora de Carreiras do Ibmec, destaca que a transição de carreira deve ser cuidadosamente planejada.
— O mais importante é ter clareza sobre os motivos da mudança e avaliar se eles se sustentam no longo prazo.
Ela sugere que antes de tomar qualquer decisão, o profissional deve refletir sobre suas competências e aspirações. A mudança precisa ser fundamentada em uma análise crítica da situação atual e em um autoconhecimento profundo sobre os objetivos de carreira. Kalliane enfatiza a importância de entender a fundo os motivos da mudança, para que a transição seja bem-sucedida e traga satisfação no longo prazo.
Especialistas dão conselhos sobre migração
No campo da gestão de recursos humanos, Evelyn Rodrigues, head de Recursos Humanos do Paschoini Advogados, afirma que o melhor momento para uma mudança de carreira ocorre quando o profissional sente que não está mais se desenvolvendo no ambiente atual.
— Se você não está crescendo, aprendendo ou sendo desafiado, talvez seja hora de repensar sua trajetória.
Joanna Gussen, sócia e diretora de Pessoas e Cultura da EloGroup, vai além e sugere que a mudança de carreira nem sempre deve ser tratada como uma meta, mas sim como uma consequência de um processo de adaptação às necessidades do mercado.
— Mudança de carreira não é, necessariamente, uma decisão a ser perseguida, mas a consequência de uma busca constante por resolver problemas reais – defende.
Ela alerta que é fundamental avaliar os aspectos envolvidos na mudança, como estilo de trabalho, renda e perspectiva de sucesso no novo contexto, para garantir uma adaptação saudável e bem-sucedida.
Busca por nova posição lidera movimento
Uma pesquisa realizada pela Michael Page apontou que mais da metade dos profissionais está ativamente em busca de uma nova posição, com destaque para a valorização do salário, flexibilidade no trabalho e benefícios adicionais, como convênios médicos e previdência privada.
— O desejo de mudança entre os profissionais reflete uma transformação nas prioridades do mercado: além de remuneração competitiva, eles buscam flexibilidade, equilíbrio e propósito no trabalho – observa Lucas Toledo, diretor-executivo da Michael Page.
Ele comenta que as empresas precisam se adaptar a essas novas expectativas para atrair e reter talentos, além de construir equipes resilientes e motivadas para enfrentar os desafios do mercado atual.
– O diferencial está em promover um ambiente que combine práticas de bem-estar, flexibilidade e uma cultura focada no desenvolvimento contínuo e no propósito.
Tempo com a família é citado como motivo
A pesquisa da Datacamp aponta que o mundo digital o virou uma saída adotada por parte das pessoas que desejam transionar de carreira.
É o caso da personal trainer Roberta Nascimento, que passou a investir em conteúdo digital voltado para o mundo fitness, também destaca que a transição de carreira aconteceu em busca de um propósito maior.
– Eu atendia de 6h da manhã até 9h da noite. Ganhava bem — em torno de R$ 20 mil por mês —, mas estava exausta e longe dos meus filhos. Eu precisava mudar.
Já a médica Nathalia Queiroz, por sua vez, ilustra que a migração da carreira ocorreu por uma necessidade de equilibrar a vida profissional e a familiar. Hoje, ela se dedica à produção de peças de cerâmica.
— Eu queria estar mais presente para minha família e encontrei uma forma de atuar na área médica com mais flexibilidade e impacto.
