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Gaga no Rio: Hóspede denuncia cancelamento de Airbnb e anúncio com preço mais alto; especialistas comentam
Usuário relatou que teve a reserva cancelada sem justificativa e encontrou o mesmo imóvel sendo anunciado dias depois por um valor superior. Caso levantou críticas ao suporte da plataforma
Foto: Redes sociais / Getty Images
Por Debora A. Leite
Um relato publicado pelo usuário Caetano Gabriel (@caetanogab_) no X gerou debate sobre práticas de anfitriões do Airbnb. Ele afirmou ter reservado um imóvel no Rio de Janeiro pela plataforma para os dias próximos ao show de Lady Gaga — a cantora vai se apresentar na praia de Copacabana no dia 3 de maio. No entanto, segundo ele, a reserva foi cancelada sem explicação convincente. Pouco depois, o mesmo imóvel reapareceu, com preço significativamente mais alto.
A publicação viralizou, passando de 3 milhões de views, e outros usuários passaram a relatar episódios semelhantes, apontando brechas na política da empresa que permitiria aos anfitriões cancelar reservas e anunciar imóveis por valores inflacionados, especialmente em períodos de alta demanda.
Em nota, o Airbnb afirmou a PEGN que cancelamentos feitos por anfitriões são considerados sérios e passíveis de penalidades, como multas, suspensão de anúncios ou até perda do status de Superhost. Sobre valores, reforçou que os preços são definidos exclusivamente pelos anfitriões.
Segundo a advogada Amanda Cunha, especialista em direito civil e consumidor do Paschoini Advogados, a prática pode configurar violação contratual e infração ao Código de Defesa do Consumidor (CDC). “Após o anfitrião aceitar a reserva, há um contrato entre as partes. Cancelar sem justificativa e com o objetivo de cobrar mais fere o princípio da boa-fé e pode ser considerado prática abusiva pelo art. 39 do CDC”, explica.
Rodrigo Palacios, especialista em direito imobiliário do Viseu Advogados, reforça: “O anfitrião viola a boa-fé contratual e pratica conduta abusiva. Isso gera dever de indenizar e pode envolver responsabilidade solidária da plataforma.”
No post, usuários relataram se sentir desamparados. Uma internauta comentou ter tido sua reserva cancelada horas antes de fazer o check-in, no período do Lollapalooza, em São Paulo. Outra cogita processar não só o anfitrião, mas também o Airbnb. Para Cunha, isso é possível: “A plataforma responde objetivamente pelos danos causados aos consumidores, conforme o art. 14 do CDC, inclusive por danos morais.”
Para evitar situações assim, Cunha orienta: “O consumidor deve guardar registros da negociação, como prints e e-mails. Também pode acionar o Procon ou o Judiciário para buscar ressarcimento por danos morais e materiais.” Palacios completa: “Verifique a política de cancelamento, escolha anfitriões com bom histórico e nunca faça pagamentos fora da plataforma.”