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Feriados: saiba como evitar golpe ao alugar imóvel e as regiões com mais anúncios falsos em 2024
Levantamento mostra que Rio representou 14,7% do total de fraudes no país em 2024
Foto: PxHere
Por Gustavo Silva
No filme “Os Farofeiros” (2018), o feriado dos sonhos, em uma casa localizada em Búzios, na Região dos Lagos, sucumbe à realidade, quando um grupo de amigos chega ao destino. A residência alugada está em péssimas condições, completamente diferente do que foi prometido no anúncio. Na vida real, isso também acontece e, por isso, é preciso cuidado para driblar as ofertas falsas.
Levantamento realizado pelo Grupo OLX, e enviado ao EXTRA com exclusividade, mostra que o Estado do Rio representou 14,7% do total de golpes de anúncios de locação de imóveis no país em 2024. O Rio de Janeiro foi a cidade fluminense com maior número de anúncios fraudulentos de locação de imóveis para temporada em 2024, somando 29%. Mas quem sai da cidade para destinos próximos tampouco está a salvo. Veja os dados da pesquisa, abaixo:
- A região metropolitana conteve 49% das tentativas de golpes, ao passo que o Norte Fluminense e a Região dos Lagos, somados, representaram 48%.
- Os destaques negativos são Cabo Frio (22%) e Arraial do Cabo (12%).
- Já a região da serra, Angra dos Reis e arredores registraram 3% das ocorrências.
- Os principais alvos dos golpistas foram casas (60%) e apartamentos (33%).
Com a proximidade de feriados prolongados como a Páscoa, 1º de maio e Corpus Christi, de abril a junho, cresce o número de pessoas em busca de imóveis para alugar por temporada em destinos turísticos. E a atenção precisa ser redobrada, para a ansiedade não atrapalhar a checagem dos fatos. A gerente sênior de Produtos do Grupo OLX, Camila Braga, chama atenção para os sinais de alerta:
– O primeiro é o preço muito abaixo do mercado. Nossa recomendação é que o usuário pesquise imóveis semelhantes na mesma região para ter uma referência de valor. Cerca de 85% dos anúncios fraudulentos na OLX apresentam preços inferiores à média da região.
Ela recomenda visitar o imóvel ou, ao menos, usar o Google Maps para verificar sua existência. Outra dica é conversar com porteiros ou vizinhos para confirmar a veracidade da oferta.
Sandro Braz, especialista em tecnologia no grupo SOUZAMAAS, acrescenta que os golpistas costumam migrar as negociações para fora das plataformas. Este pode ser um sinal de perigo:
– Evite o uso do Pix, dê preferência a métodos de pagamento com rastreabilidade e registre todas as evidências da negociação, como comprovantes e prints de conversas.
Designer passou perrengue no dia do Natal
A designer Bruna Pereira Schiochet, de 24 anos, aprendeu da pior forma os riscos da locação por temporada. Ela alugou uma casa em Piçarras, em Santa Catarina, para passar o fim de ano com a família, mas o imóvel estava em péssimo estado.
– Parecia um lixão. Tinha um monte de barata espalhada pela casa, colchões mofados, lixo parado, cadeiras quebradas, geladeira com comida velha e sangue de carne parado. Estava sujo e fedia. E o anfitrião parou de responder assim que chegamos.
Apesar de ter reservado pela plataforma Airbnb, Bruna se viu em apuros no dia 25 de dezembro, quando tentou encontrar outro lugar para ficar.
– A plataforma me deu a opção de reembolso parcial ou de cancelar e procurar outro lugar com um bônus em reparação. Mas eles não ajudam a achar um novo local. Foram cinco horas de procura até encontrar outro imóvel, que felizmente era bom.
Para evitar esse tipo de situação, o Airbnb recomenda que a comunicação e os pagamentos sejam realizados exclusivamente pela plataforma.
“É assim que garantimos a proteção oferecida pelo AirCover, com atendimento de segurança 24 horas, proteção dos dados pessoais e verificação de identidade de anfitriões e hóspedes”, afirma a empresa.
Outro ponto importante, segundo o Airbnb, é desconfiar de qualquer tentativa de levar a negociação para fora da plataforma.
“Ao sair do ambiente controlado do Airbnb, o hóspede perde o suporte da plataforma e fica mais exposto a riscos”, alerta.
O advogado Ilmar Muniz, especialista em Direito do Consumidor, recomenda que o usuário, ao perceber se tratar de um golpe, reúna as provas e aja rápido:
– O consumidor deve registrar um boletim de ocorrência e acionar o banco por meio da ferramenta MED, do Banco Central, que pode ajudar a recuperar valores pagos via Pix. Também é possível ingressar com ação judicial para bloquear a conta usada no golpe.
De olho no golpe
- Corretor
O Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Rio de Janeiro (Creci-RJ) orienta que o consumidor exija o registro profissional do corretor e utilize o site do Conselho (www.creci-rj.gov.br) para verificar se o profissional está habilitado.
– Alugar, comprar e vender imóveis somente com o corretor. É o único profissional habilitado para transmitir segurança jurídica à sociedade nas intermediações imobiliárias – afirma João Eduardo Corrêa
- Fotos falsas
De acordo com Corrêa, na maioria dos casos os estelionatários apresentam fotos e vídeos de imóveis como se fossem seus e, quando finalmente o cliente chega ao local, o imóvel não existe ou a locação anunciada nunca existiu.
– Nunca faça pagamentos ou transferências antes de confirmar todos os detalhes, inclusive pedindo ao corretor para realizar uma chamada de vídeo diretamente do imóvel.
- Negociação
Wallyson Costa, advogado especialista em Direito Imobiliário, destaca a importância de desconfiar de qualquer tentativa de tirar a negociação da plataforma oficial.
– Não faça pagamentos fora do ambiente da plataforma, não compartilhe senhas, dados bancários ou clique em links suspeitos. A reputação do anunciante também deve ser analisada com atenção, lendo os comentários de outros usuários e observando o tempo de uso do perfil.
- Sites confiáveis
Já o advogado Rodrigo Palácios, também da área imobiliária, recomenda dar preferência a plataformas de aluguel que ofereçam sistemas de avaliação e proteção.
– Sites e aplicativos confiáveis têm políticas claras e mecanismos que ajudam o consumidor a se proteger – finaliza o especialista.