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Neymar e Felipe Neto: entenda o caso que envolve o site de apostas Blaze e vários famosos

9 de junho, 2023

Empresa contratou celebridades – e até clubes de futebol – e acumula processos judiciais em oito Estados brasileiros

Nas últimas semanas você deve ter se deparado com o nome Blaze e uma polêmica envolvendo figuras como Neymar, Felipe Neto, Carlinhos Maia, Diggo, e outras celebridades brasileiras, além de clubes de futebol, como o Santos e o Botafogo. A plataforma, que se apresenta como um cassino online, tomou conta das redes e da internet.

O que é a Blaze?

Operando no Brasil desde 2019, a Blaze é uma plataforma de cassino virtual e apostas esportivas. Entre os jogos oferecidos pela empresa estão o Roleta, Blackjack, Slots Machines, Poker e o famoso foguetinho. Apesar dos jogos de azar serem proibidos no Brasil, a Blaze atua por meio de uma brecha: ela tem sua sede no exterior, mais especificamente em Curaçao, ilha holandesa conhecida como um paraíso fiscal.

“Essas empresas atuam em uma espécie de limbo jurídico, criando raízes no exterior. Com isso, acabam atuando em um ambiente digital aberto, onde as pessoas podem acessar esses sites de outros países”, ressalta Philipe Monteiro Cardoso, advogado especialista em Direito Digital.

A Blaze é operada pela Prolific Trade N.V., mas não se sabe ao certo todos os nomes por trás da empresa. De acordo com o cassino, hoje existem mais de 40 milhões de usuários na plataforma. Nos últimos meses a Blaze ganhou popularidade depois de ser divulgada por grandes nomes da internet e patrocinar clubes de futebol, como o Botafogo.

Como o caso ganhou força

A Blaze já vinha despertando desconfiança, mas foi há duas semanas que o caso ganhou repercussão nacional. Um vídeo publicado por Daniel Penin com o título “Tire dos pobres e dê aos influencers” já acumula mais de 4 milhões de visualizações. Nele, Penin investiga quem são os donos da Blaze e chega a um resultado espantoso, que você confere logo abaixo:

Então, o youtuber investiga o funcionamento da Blaze e fala sobre as parcerias da empresa. Penin também acusa a plataforma de pagar os influenciadores cada vez que um cliente perda nas apostas. Alguns nomes citados no vídeo são Felipe Neto, Carlinhos Maia, Viih Tube, Jon Vlogs, Gkay, MC Poze, Mel Maia e Diggo.

Quem é o dono da Blaze?

Penin foi a fundo na investigação e descobriu que o dono do domínio blaze.com.br é o brasileiro Erick Loth Teixeira. A informação foi divulgada pelo youtuber na quarta-feira (7). Penin rastreou o nome pela plataforma Whois, que divulga informações de domínios da internet. Ainda assim, não há uma confirmação sobre outros nomes por trás da empresa.

Processos acumulados

Um levantamento feito pela OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project), em parceria com o Portal do Bitcoin, encontrou 15 processos judiciais contra a Blaze em oito estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso e Pernambuco.

Nos últimos seis meses a plataforma acumula mais de 5.700 reclamações no Reclame Aqui, com apenas 18 respondidas. Grande parte dos clientes afirmam não ter recebido o dinheiro que ganharam nos jogos ou terem sua conta zerada.

Influenciadores são cobrados

Até o momento, a Blaze não se pronunciou oficialmente. A explosão do caso gerou uma onda de indignação. O público passou a cobrar influenciadores e famosos que divulgaram a empresa. Neymar limitou os comentários no Instagram e Felipe Neto apagou os registros de publicidade do cassino online, além de deletar uma mensagem postada no dia 5 de junho, em que defendia a Blaze.

Já Jon Vlogs, um dos principais influenciadores por trás da Blaze, se pronunciou no Twitter. O youtuber gerencia um programa que, segundo ele, fechou contratos com 400 influenciadores para divulgar o cassino. Jon afirmou que “está ciente de tudo e que irá se posicionar em breve”.

“Um ponto de atenção nessa história é sobre a pouca ou quase nenhuma rastreabilidade e verificação desses sites de apostas. Mas o fator central, na minha análise, é do quanto as pessoas seguem celebridades e influenciadores e fazem uma aproximação de que se são indicados por eles, esses jogos são confiáveis, sem analisar o todo”, ressalta Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação.

Blaze não é um caso isolado

Essa não é a primeira polêmica envolvendo uma empresa de apostas. O jogo do foguete JetX, criado pela Cbet.gg, acumulou mais de 800 reclamações no site Reclame Aqui em apenas seis meses no ano passado. Os casos são parecidos: contas zeradas, dinheiro não recebido, propaganda enganosa e até mesmo saques que não caíram na conta bancária daqueles que “venceram” o jogo.

Por não terem uma sede no Brasil, um CNPJ ou qualquer representação por aqui, se torna muito difícil processar judicialmente esse tipo de empresa. “O que pode ser feito diante desse “limbo jurídico” é criar analogias com a regulamentação vigente, buscando respaldo no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor”, ressalta Cardoso. Mesmo assim, o advogado alerta: como as empresas estão fora do país, os prejuízos dificilmente são reparados.

Um alerta importante

O caso da Blaze acendeu novamente um alerta para os riscos por trás desses jogos. “É importante entender que a chance de perder o dinheiro utilizado nesses jogos é muito grande”, alerta Cardoso.

Ou seja, esse tipo de jogo não funciona como uma renda extra.

“Quando falamos em jogos eletrônicos, é importante verificar se existe de fato uma empresa registrada, se há um Compliance e se possuem problemas. Uma busca rápida no Google pode funcionar. O fato é que o mundo digital carece de algumas regulamentações jurídicas que aos poucos vão sendo colocadas em vigor”, ressalta Matheus Puppe, sócio da área de TMT, Privacidade & Proteção de Dados do Maneira Advogados.

https://inteligenciafinanceira.com.br/aprenda/planejar/neymar-felipe-neto-site-apostas-blaze/

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