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Light: reestruturação de dívida é boa, mas deve ser aprimorada

16 de abril, 2024

Segundo especialista, estratégia da concessionária foi de “testar as resistências”, mas agora foca no maior grupo de credores debenturistas

Por Nelson Valencio

(Foto: Divulgação)

A Light avançou várias casas na negociação de seus passivos financeiros, segundo um advogado que representa o principal grupo de debenturistas credores da companhia.

Falando em off com a Brasil Energia, ele adianta que dois fundos, que somam R$ 1,5 bilhão em debêntures, são os principais formadores de opinião e devem influenciar no fechamento positivo do acordo que está sendo costurado com os demais debenturistas. No total, a Light anunciou um acordo que somaria R$ 4,96 bilhões em debêntures.

“Até essa sexta-feira é provável que haja a divulgação de mais informações relevantes, mas o acordo é positivo”, explica o advogado. Segundo ele, a estratégia da empresa foi de “testar as resistências” nos últimos meses, mas agora focou no maior grupo de credores debenturistas para avançar para um plano que seja aprovado de fato.

Na avaliação dele, o plano de reestruturação vai ser uma versão melhorada do que foi apresentado em fevereiro, quando os preços de conversão de créditos eram ruins. “Logicamente, numa solução negociada, cada parte deixa algo na mesa, mas o novo plano em si é razoável”, resume.

A pedido dos debenturistas, a Light também liberou os detalhes da negociação comercial em seu site de Relacionamento com Investidores. A reestruturação envolve todos os grupos de credores e não somente os debenturistas.

Os termos de condições incluem a capitalização da companhia, num volume previsto entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. O preço de subscrição seria de R$ 6,29 por ação LIGT3. Além disso, nessa capitalização seriam concedidos dois bônus de subscrição para cada ação subscrita.

No caso das debêntures conversíveis, a regra de adesão especifica a conversão de pelos menos 35% dos créditos ajustados, a serem apurados no nível das gestoras. O volume máximo é de R$ 2,2 bilhões dos créditos ajustados, com preço de subscrição de R$ 6,29 por ação LIGT3. Para cada duas ações subscritas, nesse caso, será concedido um bônus de subscrição.

Detalhe: a emissão acontecerá pela Light Holding, com a conversão automática em ações em até 90 (noventa) dias corridos da data da renovação da concessão.

No caso dos credores apoiadores, o volume máximo será de R$ 4,1 bilhões dos créditos ajustados. O prazo de pagamento será feito em 8 anos e a amortização seria feita em 10 pagamentos semestrais lineares, após o período de carência. A remuneração seria baseada no IPCA + 5% ao ano (ou equivalente em US$).

Para os credores não-apoiadores, o prazo total de pagamento seria de 13 anos, com o primeiro pagamento no 42 mês, que é o período de carência. A amortização envolveria 20 pagamentos semestrais, não lineares. Com remuneração de IPCA + 3% ao ano, esse grupo receberia juros de 1% com um ano de carência.

Dois outros advogados consultados pela Brasil Energia, que não têm envolvimento no processo de recuperação judicial (RJ) da Light, defenderam como positivo o acordo preliminar do grupo, anunciado na noite da última quinta-feira (11). Segundo ambos, a companhia segue na procura pelo equacionamento de suas dívidas e a recente capitalização ajuda nesse processo.

“O equacionamento tem muito a ver com a renovação da concessão. Pelo cenário atual, o MME vai analisar a pertinência ou não de renovar o contrato, onde a capacidade operacional de gestão da distribuidora é um fator importante”, resume Valéria de Souza Rosa, sócia do escritório LCFC Advogados.

A repactuação dos mecanismos de créditos também é elogiada por Fernando Brandariz, do escritório Mingrone e Brandariz. Especialista em RJ, ele avalia que o que foi publicado até agora mostra um avanço em relação às informações anteriores de negociação.

“Todo acordo é bem-vindo. O aumento no valor das ações do grupo hoje (15), de certa forma confirma isso”, resume.

https://brasilenergia.com.br/energia/distribuicao/light-reestruturacao-de-divida-e-boa-mas-deve-ser-aprimorada

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