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ESG à brasileira

20 de junho, 2023

André de Almeida, Sócio Fundador de Almeida Advogados. Advogado do INESFA (Instituto Nacional da Reciclagem); Autor do livro “A Maior Ação do Mundos – A História da Class Action Contra a Petrobrás”

Algumas empresas têm se apressado em divulgar políticas de comunicação e marketing enaltecendo seus valores éticos e ambientais, resumidos pela sigla ESG.

A sigla ESG (Environmental, Social e Governance) se tornou cada vez mais comum no mundo empresarial e financeiro nos últimos anos. Esses três aspectos representam uma abordagem holística para avaliar o desempenho das empresas em relação aos impactos ambientais, sociais e de governança corporativa. No entanto, quando pensamos nas palavras “Esquema”, “Soberba” e “Ganância”, podemos ver a oposição aos valores representados pela sigla ESG.

A palavra Esquema está associada a um plano ou estratégia elaborado com objetivos ocultos ou ilícitos, que podem prejudicar o meio ambiente ou a sociedade como um todo. Esse comportamento pode ser visto em empresas que ignoram os impactos de suas atividades no meio ambiente e na comunidade, ou que realizam práticas de corrupção e fraude para obter lucro. Essas práticas vão contra os valores da sigla ESG, que busca promover a sustentabilidade e a responsabilidade social como pilares fundamentais da estratégia empresarial.

A palavra Soberba está associada à arrogância e à falta de humildade, que podem impedir as empresas de reconhecer a importância dos valores ESG em suas estratégias. A soberba pode levar as empresas a se concentrar exclusivamente em seus próprios interesses, ignorando as necessidades e demandas da sociedade e do meio ambiente. A falta de humildade também pode impedir as empresas de ouvirem as vozes críticas e as demandas da sociedade – o que pode levar a conflitos e ações judiciais.

Por fim, a palavra Ganância está associada à busca desenfreada por lucro, que pode levar as empresas a tomar decisões que vão contra a ética e a responsabilidade social. Empresas que se concentram exclusivamente no lucro podem ignorar os impactos de suas atividades no meio ambiente e na sociedade, além de desconsiderar as consequências negativas de suas práticas. Isso pode levar a impactos negativos na saúde e bem-estar das pessoas, além de danos ambientais irreversíveis.

Em contraste com esses valores negativos, a sigla ESG representa uma abordagem positiva para a gestão empresarial. As empresas que adotam os valores ESG reconhecem a importância de promover um desenvolvimento sustentável e responsável, que leve em consideração não só os interesses econômicos, mas também as necessidades e demandas de seus fornecedores, clientes, da sociedade e do meio ambiente como um todo.

Portanto, podemos ver que as palavras Esquema, Soberba e Ganância representam valores opostos aos valores da sigla ESG. Enquanto as empresas que adotam os valores ESG buscam promover um desenvolvimento sustentável e responsável, as empresas que seguem os valores negativos representados pelas referidas palavras podem prejudicar o meio ambiente e a sociedade, além de colocar em risco a própria reputação e a sobrevivência da empresa no longo prazo.

Embora muitas empresas poluidoras brasileiras em setores como siderurgia, mineração, químicas e petróleo e energia, tenham adotado a sigla ESG como parte de suas estratégias de negócios, apenas uma pequena minoria adota os valores representados por essa abordagem. Grandes indústrias ainda usam a sigla ESG como um disfarce para camuflar suas verdadeiras orientações para o Esquema, Soberba e Ganância.

Esquema por consciente e continuamente compactuarem com estratégias de negócios desatentos à melhores práticas tributárias e societárias.

Soberba por usar a sigla ESG apenas como estratégia de marketing, e não coerente com as suas práticas internas.

Ganância por colocar em risco o meio ambiente, o recolhimento tributário, e a ética corporativa acima da retidão dos negócios.

Por essa razão, é importante que os investidores, consumidores e demais partes interessadas realizem uma análise cuidadosa das práticas empresariais de uma empresa, para avaliar se ela realmente adota os valores ESG ou não. Somente dessa forma, poderemos promover um desenvolvimento sustentável e responsável que leve em consideração os impactos ambientais, sociais e de governança corporativa.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Gestão, Política & Sociedade.

https://www.estadao.com.br/politica/gestao-politica-e-sociedade/esg-a-brasileira/

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