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PORTFÓLIO

Diamante comprará 100% de termelétrica a carvão de Pecém por R$ 1 bilhão

2 de julho, 2025

Aquisição inclui projetos de novas térmicas a gás natural licenciadas para participação em futuros leilões de energia

Foto: Reprodução/Energia Pecém

Por Robson Rodrigues

A Diamante Energia chegou a um acordo para aquisição de 100% da usina termelétrica a carvão de Pecém, localizada em São Gonçalo do Amarante, no Ceará. A operação envolverá um desembolso de cerca de R$ 1 bilhão e incluiu, além da planta de 720 megawatts (MW) de capacidade instalada, projetos de novas térmicas a gás natural licenciadas para participação em futuros leilões de energia.

A transação consolida em um único acordo a compra das duas participações acionárias da usina, anteriormente divididas entre a EDP Brasil e fundos de investimento sob gestão da Mercurio Asset, em parceria com a XP. O fechamento do negócio ainda depende de outros trâmites.

Até 2023, a EDP detinha o controle da unidade, mas vendeu 80% da sua fatia para investidores coordenados pela Mercurio, com apoio da XP. Em maio de 2025, a EDP anunciou em fato relevante a venda dos 20% restantes para a Diamante, por R$ 200 milhões. Agora, a Diamante confirmou que foi uma operação única, incluindo os 80% dos outros sócios, totalizando o controle integral da termelétrica.

A usina de Pecém tem autorização para operar até janeiro de 2044, mas seus contratos no mercado regulado — aquele que abastece as distribuidoras — vencem em julho de 2027. Após essa data, a planta ficará descontratada. O CEO da Diamante, Pedro Litsek, diz que ainda não há uma definição sobre a estratégia da empresa a partir dessa data, mas há estudos para a conversão da unidade de carvão para gás natural.

“A conversa começou com a Energia Pecém [controlada pela Mercurio Asset], para saber sobre os projetos que eles têm licenciados para participar do leilão de capacidade, mas eles acenaram com a possibilidade de aquisição, mesmo considerando os contratos em fase final”, afirmou Litsek.

O executivo confirmou também que a empresa vai participar do próximo leilão de reserva de capacidade. Sendo bem-sucedida no certame, o plano é construir uma usina nova a gás natural por meio de uma joint venture que a Diamante tem com a Nebras Power, empresa internacional de investimentos em energia e subsidiária da Qatar Electricity & Water Company (QWEC), para investimentos em térmicas.

Embora a joint venture entre Diamante e Nebras ainda não tenha viabilizado nenhum projeto, ambas já participaram de processos como a venda das térmicas da Eletrobras adquiridas pela Âmbar Energia, dos irmãos Batista, e da térmica Marlim Azul (joint venture formada por Pátria, Shell e Mitsubishi).

O processo de compra da usina cearense envolveu recursos com estrutura de 30% em equity e 70% em financiamento com bancos privados. A operação foi aprovada ontem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A transação foi assessorada pelo escritório Miguel Neto Advogados, que conduziu as frentes de auditoria prévia (“due diligence”), estruturação jurídica, negociação contratual e acompanhamento junto aos órgãos reguladores.

Segundo o sócio do escritório, Ronaldo Assumpção Filho, a operação demandou articulação entre diversos vendedores institucionais, já que a estrutura acionária da companhia era bastante pulverizada, exigindo conversas entre diversos vendedores institucionais.

Assumpção explica ainda que a transação envolve não apenas a aquisição da totalidade das ações da companhia, mas também a pactuação de condições comerciais vinculadas a futuras contratações reguladas e à possível conversão da planta, atualmente movida a carvão, para geração a gás natural — aspectos que agregam valor estratégico à transação.

Essa aquisição da planta de Pecém, no entanto, não envolve a Nebras, porque ela não atua em carvão. Essa é a segunda grande aquisição da Diamante no setor de carvão. Em 2021, a empresa comprou o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo (SC), da francesa Engie, por R$ 325 milhões. A usina catarinense tem 740 MW de capacidade e contratos de fornecimento vigentes até 2040. Com a aquisição de Pecém, a empresa amplia sua presença geográfica e passa a atuar também no Nordeste.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/07/01/diamante-compra-100-pontos-percentuais-de-termeltrica-a-carvo-de-pecm-por-r-1-bilho.ghtml

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