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Débito e cripto ganham espaço

26 de maio, 2025

Débito e cripto ganham espaço

Cartões de débito internacionais têm os menores “spreads” – diferença entre cotações de atacado e varejo

Por Ricardo Bomfim — De São Paulo

Apesar do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), os cartões de débito de contas globais ainda têm vantagens para quem viaja ao exterior, segundo as empresas emissoras. Isso porque esses produtos têm os menores “spreads” – diferença entre cotações de atacado e varejo. No caso dos cartões de crédito, débito e pré-pagos internacionais, as alíquotas foram elevadas de 3,38% para 3,5%. Já em relação a remessas de recursos para contas no exterior e compra de moeda em espécie, o aumento foi de 1,1% para 3,5%.

Segundo a Wise, o câmbio comercial sem margem oferecido em seu cartão, um diferencial dos serviços da empresa, terá uma elevação do IOF de 1,1% para 3,5%. O C6, por sua vez, disse que apesar das mudanças de alíquotas, o cartão de débito vinculado à C6 Conta Global continua sendo uma opção mais vantajosa do que o uso do cartão de crédito internacional ou da moeda estrangeira em espécie. Enquanto o spread das compras com cartão de crédito é de 5,25%, o banco cobra um prêmio de 0,75% a 0,9%, de modo que, apesar de o IOF sobre ambos ser de 3,5%, a segunda opção continua mais vantajosa.

Já a Nomad afirmou seguirá adotando taxas operacionais a partir de 1% e câmbio comercial. A mudança, contudo, afeta a compra de moeda para conta corrente de pessoa física, que passa de 1,1% para 3,5%; e o IOF para operações de câmbio para investimentos de pessoa física, que saem de 0,38% para 1,1%.

Com o aumento do IOF, especialistas apontam que o uso de “stablecoins”, moedas digitais de valor atrelado ao de divisas tradicionais, pode aumentar para a prática de evasão fiscal. Fernando Marques Borges, diretor da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam), afirmou que pode haver uma fuga de recursos dos canais tradicionais nas instituições financeiras e corretoras para evitar a tributação, e, nesse caso, as stablecoins seriam um dos destinos prováveis.

Júlio César Soares, sócio da Advocacia Dias de Souza, diz que a elevação considerável nas alíquotas do IOF pode estimular empresas a explorarem alternativas de financiamento menos dispendiosas. “As stablecoins emergem como uma possível ferramenta para estratégias que resultem em evasão ou elisão fiscal.”

O advogado argumenta que há um risco real de que as empresas usem stablecoins para estruturar operações de crédito ou financiamento para evitar a incidência de IOF através de offshores e simulações de contratos. “O próprio governo, ao majorar a alíquota do IOF, pode estar incentivando a desintermediação financeira e a migração para ativos digitais ainda pouco regulados no Brasil”, avalia.

https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/05/26/debito-e-cripto-ganham-espaco.ghtml

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