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Mudança no setor passa por qualificação e inovação
Mudança no setor passa por qualificação e inovação
Foto: rawpixel.com / Carol M Highsmith
Por Lucia Monteiro
Diante de desafios como a baixa produtividade e a alta carga tributária, as empresas precisam investir, cada vez mais, em inovação e em tecnologia, num mercado cada vez mais competitivo e que demanda mão de obra mais qualificada. Além disso, é preciso fortalecer a indústria manufatureira e desenvolver cadeias de produção de setores estratégicos.
“Somos grandes produtores de alimentos, mas dependentes de fertilizantes, por exemplo. Temos de reforçar as cadeias produtivas e investir mais em pesquisa e desenvolvimento”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha. Para isso, diz ele, é preciso investir em educação e qualificação profissional.
O Fórum das Entidades empresariais também trabalha junto ao governo do estado para reduzir burocracias em processos como de licenciamento, colando políticas públicas de outros estados e pensando no pós-incentivo fiscal. “Temos de aproveitar o período que ainda temos de incentivo e continuar sendo competitivos”, defende. Outra parceria com o governo prevê a qualificação de 25 mil jovens, mais da metade pelo Senai.
Segundo André Rocha, a meta também é investir cada vez mais em inteligência artificial (IA) para processos na indústria, com treinamento de pessoal. “Esta disciplina estará na grade curricular de todas nossas escolas. Já estamos fazendo a transição da linguagem de programação para a IA”, informa.
Se, antes, precisavam de marceneiro, hoje a demanda é por um operador de máquinas para a indústria de móveis. “Surgem novas profissões e processos produtivos”, destaca. O Sistema Fieg também está qualificando executivos da indústria, através do IEL, e ajudando a implementar modelos de governança nas empresas e no setor público.
A meta é ser cada vez mais eficiente e evitar desperdícios. “Temos feito missões comerciais em busca de novos processos produtivos e máquinas em vários países”, informa o presidente da Fieg. O objetivo final é aumentar a agregação de valor às matérias-primas do estado. Para ele, a queda da participação do setor industrial no PIB representa um nível de desindustrialização e já é resultado da falta de valorização das indústrias e políticas públicas erradas.
Para Olympio Abrão, do Conat/Fieg, a reforma trará avanços, como a isenção para alimentos da cesta básica, mas também significará mais despesas e insegurança jurídica para as empresas, com dois regramentos distintos para o CBS e o IBS. Ele acredita que o sistema tributário brasileiro não é ruim. O problema é que foram colocando leis complementares, dando isenção para vários setores ou desincentivando algum setor com mais carga.
Abrão lembra que o fundo de compensação de benefícios fiscais, que vai ser complementado com verba que deve vir do próprio sistema tributário, até 2032, será usado para corrigir as desigualdades dos estados que perdem os incentivos – uma ajuda aos que tendem a perder arrecadação com o fim do incentivo fiscal. “Um comitê gestor desses fundos vai decidir onde o dinheiro será empregado, ou seja, que área precisa ser desenvolvida. Mas isso deu mais força ao governo federal que no sistema atual”, pontua.
Para o advogado tributarista Eduardo Lourenço, sócio do Maneira Advogados, a reforma tributária representa um novo paradigma para todos os contribuintes, em especial para os elos que estão no meio da cadeia, como as indústrias. Ele acredita que a não cumulatividade trará maior racionalidade para todo o sistema nacional e, em conjunto com outros avanços, mais simplificação e segurança jurídica.
Por outro lado, há o problema da limitação de concessão de benefícios fiscais para além daqueles que já estão previstos na emenda constitucional. “Para mitigar os prejuízos, tem-se o fundo de desenvolvimento regional, onde os estados, ao invés de concederem incentivos fiscais para atraírem investimentos, terão que prever instrumentos financeiros usando o orçamento”, diz.
Para ele, é difícil prever se haverá um êxodo de indústrias porque o investimento leva em consideração outros fatores, como logística, mercado ou oferta de insumos. “Mas isso traz maior necessidade de diálogo e alinhamento com o setor público”, avalia.
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