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Quando o Telegram vai voltar? 5 perguntas para entender o bloqueio do app

28 de abril, 2023

Por Igor Almenara | Editado por Douglas Ciriaco | 28 de Abril de 2023

(Imagem | Montagem: Caio Carvalho/Canaltech)

Se você acompanha as redes e o Canaltech, provavelmente já sabe: o Telegram está suspenso no Brasil desde quarta-feira (26) por ordem judicial. Com isso, não é possível enviar ou receber mensagens na plataforma pelo celular ou computador.

A situação pegou muitos brasileiros de surpresa, que tiveram suas conversas (pessoais e comerciais) interrompidas por um processo judicial que corre sob sigilo. Para deixar tudo a limpo, o CTexplica o que aconteceu para o Telegram ser bloqueado e quando (ou se) o app deve voltar a funcionar no Brasil.

5. Por que o Telegram está bloqueado no Brasil?

Em 20 de abril, o Telegram foi intimado pela Justiça Federal do Espírito Santo a entregar dados de grupos neonazistas suspeitos de envolvimento em ataques a escolas.

Essas informações seriam importantes para dar sequência à investigação da Polícia Federal sobre os recentes atos violentos em escolas, incluindo os casos ocorridos em São Paulo (SP) em março e em Blumenau (SC), em abril. A apuração apontou que os grupos usavam o mensageiro para se organizar, promover violência e cooptar mais membros (geralmente crianças e adolescentes).

Conforme explica o advogado Luis Fernando Prado, sócio do escritório Prado Vidigal Advogados, “houve determinação judicial para bloqueio do Telegram por suposto descumprimento de ordem para fornecimento de dados requisitados”.

Diante da negativa na entrega dos dados de forma integral, a Justiça ordenou a suspensão do aplicativo às operadoras de telefonia e donas de lojas de apps, Apple e Google. A medida começou a valer na quarta-feira (26).

4. Quais dados o Telegram não entregou à PF?

Não se sabe exatamente quais dessas informações o Telegram não entregou às autoridades. Alguns dos grupos solicitados já haviam sido excluídos e, para encontrá-los, seria necessário o número de telefone do administrador.

Segundo a decisão assinada pelo juiz federal Wellington Lopes da Silva, entretanto, a empresa deveria ter repassado à Justiça os seguintes dados dos suspeitos:

  • Nome;
  • Nome de usuário;
  • CPF;
  • Foto de perfil;
  • Status de perfil;
  • E-mail;
  • Endereço;
  • Dados bancários;
  • Cartão de crédito (se cadastrado);
  • Dispositivos vinculados;
  • Contatos para recuperação de conta;
  • Número de confiança para autenticação de dois fatores.

Em seus termos de uso, o Telegram prevê o fornecimento às autoridades de dados como endereço de IP e números de telefone em investigações envolvendo terrorismo e abusos contra crianças e adolescentes.

Na quinta (27), porém, o mensageiro se posicionou por meio de seu CEO Pavel Durov e afirmou que os dados solicitados são “tecnologicamente impossíveis” de serem obtidos. Mas vale destacar que a legislação brasileira obriga o backup temporário dessas informações.

“A legislação brasileira obriga que aplicações armazenem dados mínimos relacionados ao registro de acesso à aplicação pelo período de 6 meses, mas não impõe que sejam mantidos, por exemplo, dados relacionados aos conteúdos das comunicações”, explica Prado.

3. Ainda dá para usar o Telegram?

Como o bloqueio é regional (só no Brasil), ainda é possível acessá-lo usando uma VPN. Tal ferramenta permite driblar a suspensão na região ao simular o acesso a partir de outro país.

Para Prado, ativar uma VPN para acessar o Telegram não é ilegal. “Não há impedimento legal expresso para que sejam utilizadas VPNs e não há base jurídica para que os usuários que eventualmente o façam sejam punidos”, explica.

Existe uma infinidade de opções de VPNs por aí, boa parte delas paga. Há alternativas gratuitas também, embora elas não sejam consideradas totalmente seguras.

2. Quando o Telegam voltará a funcionar?

Não há um prazo definido para o retorno. “O bloqueio deverá durar até que a ordem judicial que o determinou seja revertida, o que pode acontecer por eventual reconsideração por parte do juiz que a emitiu ou mesmo caso o Telegram tenha êxito em algum recurso interposto junto a instâncias superiores”, comenta o advogado.

1. O Telegram pode sair do Brasil?

O retorno do Telegram do Brasil não é garantido nem mesmo para o Telegram, e a plataforma parece estar disposta a deixar o país.

“Em casos onde as leis locais vão contra essa missão [de preservar a privacidade e a liberdade de expressão], nós às vezes temos que deixar tais mercados”, disse o CEO em mensagem publicada em seu canal.

“No passado, países como China, Irã e Rússia baniram o Telegram devido à nossa posição de princípio em relação aos direitos humanos. Tais eventos, mesmo que pesarosos, ainda são preferíveis a trair nossos usuários e as crenças nas quais fomos fundados”, complementou Durov.


Criador do Telegram diz que objetivo do app é “preservar privacidade e liberdade de expressão” (Imagem: Reprodução/Telegram)

Apesar disso, a plataforma tenta reverter na Justiça o bloqueio no Brasil. “Apelamos da decisão e estamos ansiosos para a resolução final”, disse Durov. “Independente do custo, defenderemos nossos usuários do Brasil e o seu direito à comunicação privada”, finalizou.

Bloqueio do Telegram preocupa

Para Luis Fernando Prado, o bloqueio do Telegram no Brasil acende alertas. “Preocupa-me que estejamos criando precedentes extremamente nocivos ao uso da internet no Brasil, especialmente em casos em que o bloqueio decorre do ‘descumprimento’ de uma ordem cujo cumprimento é impossível”, finaliza o advogado.

https://canaltech.com.br/apps/quando-o-telegram-vai-voltar-5-perguntas-para-entender-o-bloqueio-do-app-248136/

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