PORTFÓLIO
Diretor da CSN vai pagar valor recorde à CVM para encerrar investigação
Marcelo Cunha Ribeiro fechou um acordo de R$ 3,2 milhões com a autarquia
Por Letycia Cardoso
— Rio de Janeiro
O diretor executivo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Marcelo Cunha Ribeiro, fechou um acordo de R$ 3,2 milhões com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para encerrar processos em que era investigado por divulgar informações da siderúrgica. O valor é um recorde histórico em relação a termos de compromisso envolvendo diretor de Relações com Investidores de companhia aberta já aprovado pela CVM.
Ribeiro tinha sido acusado pela divulgação de fato relevante “de forma intempestiva”, em junho de 2021, sobre possível aquisição societária realizada pela siderúrgica.
Ainda era investigado e respondia processos por, entre 2022 e 2023, não ter divulgado ao mercado projeções financeiras, nem ter atualizado o formulário de referência com as mesmas projeções no prazo previsto.
José Antonio Miguel Neto, sócio fundador do escritório Miguel Neto Advogados, diz que a omissão de informações pode ter levado investidores a terem prejuízo:
— Quem comprou uma ação baseado nas demonstrações financeiras, nas informações que tinha, provavelmente comprou prevendo um lucro maior, um resultado maior. Como as projeções mudaram, então quem comprou pagou pela ação um preço maior do que ela devia valer.
Depois de Ribeiro, quem pagou maior valor à CVM foi a executiva da Americanas Camille Loyo Faria, que arcou com R$ 2,4 milhões. Em sequência no ranking aparecem Roberto Bernardes Monteiro, da Prio, que fechou um acordo de R$ 1,2 milhão com a autarquia; Flavio de Capua, da Tecnisa, que se comprometeu com pagamento de R$ 1,12 milhão; e David Salama, também da CSN, que arcou com R$ 1,08 milhão.
— Os valores praticados nos últimos julgados têm sido históricos, com o intuito de acabar com a prática de atividades ou atos considerados ilícitos pela CVM e corrigir as irregularidades apontadas, inclusive indenizando os prejuízos ao mercado de capitais e à poupança popular — comentou André Vasconcellos, vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores.